Proclamação da república e governos que se renovam
Presenciamos nessa sexta-feira a comemoração pela proclamação
da república no Brasil, a qual foi efetivada por movimento liderado por
Marechal Deodoro da Fonseca, após governo de monarquia de D. Pedro I e D. Pedro
II. A palavra república surge do latim republica, rem publica, ou de res
publica, a coisa pública, se referindo aos negócios públicos, a
administração do Estado.
O que caracteriza a república são os mandatos por prazo
determinado, assim os governantes ficam um tempo e são substituídos por outros.
Diferente do sistema anterior, a monarquia, onde se torna meio que perpétuo o
poder, algo relacionado ao sangue azul. Assim o rei ou imperador teria seu
governo vitalício, ao passo que um republicano teria por algum prazo e seria
renovado.
A base filosófica da ideia de república vem de Platão e
Aristóteles, o primeiro refletindo muita as ideias de Sócrates, todos grandes
pensadores gregos antigos. Mas na obra de Platão fala0-se muito na organização
da cidade, na questão das castas, onde se separa os dirigentes, os soldados e
os artesãos, bem como compara esse governo a um governo individual, ao
autocontrole pessoal de cada indivíduo, como em relação as suas paixões e
vícios. O ideal da república seria assim a justiça, espécie de harmonia de
todos esses fatores. Mas para Platão o governo devia ser o dos melhores, da
aristocracia, e assim entra em choque com a república a que pensamos no Brasil,
a qual surgiu de golpe militar por via de Marechal Deodoro.
De certo modo, resta o poder sempre ao povo ou nação, e assim
sua soberania, apesar de que delega o poder a representantes, mandatários, e
por isso seu governo se chamar mandato. Logo o governante deveria ser um homem
de virtudes, evitando assim toda a possibilidade de corrupção. Vemos pelo
contrário, que presenciamos como fato notório os desvios de dinheiro público,
“mensalão” e uma série de ocorrências noticiadas todos os dias pela mídia.
Vale que a república e sua comemoração se devem muito ao
patriotismo, e que vemos uma conquista, superando um modelo de governo
antiquado. Apesar de que, mesmo em países onde se tem a monarquia, ocorre
paralelamente a ela um governo parlamentar, esse sim mais moderno que nosso
atual, presidencial. Por outro lado, vemos uma divisão dos poderes, e que a
presidente está amarrada ao congresso e mesmo ao Poder Judiciário, não sendo
assim alguém que pode abusar desse mesmo poder de seu mandato. Vale lembrar que
o poder é do povo, e que estamos em um Estado Democrático de Direito, apesar de
ainda envolto de modelo republicano.
Sobre a coisa pública, nos lembra muito da administração
pública. Há uma série de confusões, e as pessoas geralmente falam em pagar
impostos na justificativa de descumprir alguma regra, ou fazer uso indevido de
bens públicos. Uma vez que há bens de uso comum, de uso especial e outros. Mas
o governante apenas administra esses bens, e cabe a este certo poder, o
executivo. E nem sempre é individual, como o modelo parlamentar, onde muitos
governam. Fato é que vivemos em uma aparente democracia, apesar de sabermos das
campanhas políticas financiadas por grandes setores econômicos. Resta por fim
uma ilusão popular onde o povo acha que governa, e onde governantes igualmente
vivem em uma alienação. A república por fim deve ser comemorada, se
distanciando de um modelo não bem quisto pela filosofia, a tirania. Apesar de que
a mesma filosofia clássica admirava a monarquia, a qual superamos na
modernidade. Resta por fim sempre a possibilidade de liberdade, para que haja a
transformação e a busca de justiça, que está em sintonia com modelo político de
cada tempo na história.
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