Site jurídico com informações de tom didático e filosófico

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terça-feira, 25 de junho de 2013

Democracia e desobediência civil

Democracia e desobediência civil


            Presenciamos em todo o Brasil uma onda de passeatas, o que nos faz refletir sobre a cidadania e o que legitima a democracia. A revolução pacífica acaba sendo produtiva em tempo de paz, e vemos vários atos que podem compensar a violência, ou serem outras formas de violência. A greve de fome é claramente uma violência, mesmo que seja apenas consigo mesmo ou provocando a pena alheia, apesar do que se ameaça ser também a vida. Observamos que as conquistas que a sociedade obteve são grandes valores, e que o espírito político leva muitos a se manifestarem indignados pela situação atual, de corrupção. Será que é apenas atual? Mesmo na Grécia antiga, em meio a filósofos e uma série de idealistas, se comprovou recentemente que houve manipulação de votos. A própria noção de democracia não é perfeita, uma vez que o povo não exerce o poder diretamente, mas o delega a um representante, o qual vemos não estar preparado para tal encargo. Um escritor e pensador norteamericano, Henry David Thoreau, chamou essa revolta contra o governo de “desobediência civil”, apesar de que no caso dele era mais uma forma de seguir o pensador francês Rousseau, que defendia a ideia de que a sociedade corrompe o homem e que ele é naturalmente bom. O bom selvagem. Também que o Estado é um contrato, e que se poderia talvez não aceitar sustentar o Estado. Assim, o americano citado disse que “O melhor governo é o que menos governa”, na linha dos democratas. Já na Índia, presenciamos Gandhi defendendo também uma ideia de revolução pacífica. Por outro lado, muitos fatos históricos foram contudo violentos, como a Revolução Francesa, e mesmo as duas grandes guerras mundiais, e todos esses eventos levaram a fundar a nossa sociedade democrática, livre e igualitária. Apesar de que refletido, vemos que a falta de liderança, ou mesmo de objetivos mais focados fazem das passeatas algo que provoca a classe política, mas nada além dos meios constitucionais e legais, o que é positivo por dar mais segurança  ao sistema do Estado e da República. República significa coisa pública (res publica), sendo que é de todos nós o país. Apenas deixamos ao governo de representantes, e talvez governar mais em sentido positivo, em geração de direitos seja necessário, e menos na cobrança de impostos, deveres. A melhor forma de governo ainda é a democracia, uma vez que sem ela desbancamos para a ditadura, ou o governo de um só, ou de uma classe aristocrata, ou mesmo sem levar a opinião da maioria em conta. As passeatas são assim um movimento que exige reforma política, leis mais severas contra a corrupção, maior justiça, contra a PEC 37 e outros direitos, sendo que tudo teria começado não com mera reclamação de valor de passagens de ônibus, mas com o espírito político refletido em redes sociais da Internet, sendo cada um na rede a voz da totalidade. Claro que aqueles violentos que existem em meio ao grupo, encontram uma forma de catarse para liberar suas frustrações e mesmo fazer o que não fariam se estivessem sozinhos. Mas já possuímos meios inteligentes para exercer nosso direito de participar mais ativamente no governo, e isso se faz por referendos ou plebiscitos populares. Assim podemos decidir essas questões, como a reforma política, penalização severa de improbidade, função de Ministério Público e tantas outras. Contudo, por fim vemos aquele espírito do iluminismo combinado com uma luta de classes quase socialista, e mesmo de buscadores da liberdade e da igualdade, algo que presenciamos nessas manifestações. Começou com ideias de grandes homens, pensadores como Rousseau, Thoreau, Emerson, Gandhi, Confúcio, Lao Tsé, Marx, Platão e tantos outros, que vieram e que virão, levando a humanidade para a sua evolução moral.


Mariano Soltys, escritor e advogado 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Pensão durante gravidez?

Pensão durante gravidez?

            A gravidez durante a adolescência é cada vez um fato mais comum em nossa sociedade. Não devemos condenar essas adolescentes, mas sim apoiar e encontrar um caminho que reúna a família em paz e harmonia, para que essa pessoa que vem nasça feliz e tenha um desenvolvimento saudável. Contudo, vemos que em muitas situações o pai da criança não a assume, ou se esquiva de colaborar com seu desenvolvimento. Fato é que o feto já tem personalidade jurídica segundo o Código Civil, sendo assim sujeito de direitos, mesmo antes de nascer. Tendo em vista isso, surge uma lei em 2008 (Lei 11.804) que garante a pensão da mulher grávida, que será para as despesas para a gestação, como alimentação especial, pré-natal, exames, assistência psicológica, para o parto e mesmo todos os exames e tratamentos a que médico sugerir. Vemos por outro lado, uma série de adolescentes abandonadas pelos pais das crianças, bem como pela família, o que nos faz refletir sobre a falta de diálogo a que partilhamos em nosso tempo. Sabemos que a sexualidade é um fato comum e que a falta de educação sim que deve ser repudiada, e não uma pessoa que em sua inocência acabou por se descuidar. Nem o bebê que está para vir ao mundo tem de pagar por isso, pois não tem nenhuma culpa de ser concebido, e tem sim direito de pleno desenvolvimento. Cabe lembrar que em sendo o menor pai não capaz de pagar a pensão, pode os avós o fazer, uma vez que nossa lei permite cobrar pensão também dos avós. Claro que o respeito deve guiar esse pedido, e que a Justiça terá seu meio correto para se buscar esse direito. Filhos menores também serão representados pelos seus pais, então a responsabilidade é de todos, não sendo o fato da gravidez um motivo para grande caos. Sabemos que a falta de cultura mesmo que faz com que se condene a sexualidade saudável, e mesmo uma certa ingenuidade por parte de pais e responsáveis, haja vista que vivemos em um tempo de muita informação, seja por Internet ou redes sociais, e que deve se conversar com filhos e prevenir, sendo injusto que se condene quando não se deu a devida educação. Vemos uma série de famílias com pais separados, brigas e confusões onde se está cada vez mais difícil querer se exigir muita moralidade. Portanto, se deve apoiar aquelas pessoas que ainda se desenvolvem, e colaborar com seu desenvolvimento pleno, com sua dignidade. O Estatuto da Criança e do Adolescente já de muito tempo que protege o direito de crianças e adolescentes, e sabemos que eles têm boa proteção, ao menos legal. Também que a lei civil garante direito ao nascituro, ou a esse ser que está para nascer, e assim a grávida pode representar esse direito, no caso presente a pensão ou alimentos gravídicos. Também tem direito a herança, de receber doação e outros direitos. Vale lembrar que se não nascer com vida, inexistirá obrigação ou direito patrimonial, conforme lembra Maria Helena Diniz, doutrinadora do Direito Civil. O problema talvez esteja na prova quanto a quem é pai. Contudo não deve a grávida ficar desamparada.
Mariano Soltys, escritor e advogado